Aristides de Sousa Mendes – “O Herói sem capa”
“Um cônsul que quebrou as regras e salvou vidas num dos piores cenários da história, só depois de morto foi reconhecido como o Homem de valor que foi.”
Nome: Aristides de Sousa Mendes, também conhecido por Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches.
Nascimento: 19 de julho de 1885, Cabanas de Viriato, Carregal do Sal, Portugal.
Falecimento: 3 de abril de 1954 (68 anos), Lisboa, Portugal.
Cônjuge: Casou-se com a prima Angelina.
Ocupação: Diplomata.
A sua História
Em 1927 é nomeado cônsul em Vigo onde colabora com o Estado Novo na aniquilação das manobras dos refugiados políticos. É o próprio Aristides quem o escreve, em carta enviada ao MNE (Ministério dos negócios estrangeiros), datada de 1929 considerando-se a pessoa apropriada “para vigiar e inutilizar os manejos conspiratórios dos emigrados políticos contra a ditadura”. Em 1929, foi nomeado Cônsul-geral em Antuérpia, cargo que ocupou até 1938.
Depois de quase dez anos (em 1938) de serviço na Bélgica, Salazar, presidente do Conselho de Ministros e ministro dos negócios estrangeiros, nomeia Sousa Mendes cônsul em Bordéus, França.
Portugal, sendo uma nação alegadamente neutra, fez nascer a “Circular 14”, em que constava que deveriam ser recusados vistos a todos os refugiados. Em junho de 1940, Aristides promete ao rabino Kruger que iria emitir vistos sem distinção de “raça ou religião”, contrariando ordens diretas do chefe de Estado, Salazar.
Após emitir cerca de 30 000 vistos, em que muitos deles foram passados sem que se fizesse registo, recebe um telegrama de Salazar, ordenando que comparecesse em Lisboa para justificar tal desobediência. Esta visita a Lisboa originou um conjunto de vários castigos, onde não só foi demitido da função de cônsul, como foi despromovido imediatamente à categoria inferior e condenado a um ano de inatividade. Salazar acabou por aposentar Aristides no final desse ano e impediu-o também de exercer a profissão de advogado.
Por essas razões, chegou a frequentar juntamente com os seus familiares, a cantina da assistência judaica internacional onde, com tristeza, teve de confirmar: “Nós também, nós somos refugiados”. Após o falecimento da sua esposa, os filhos viram-se obrigados a emigrar devido às dificuldades financeiras.
Aristides de Sousa Mendes passou os últimos anos da sua vida pobre e sem família. Foi obrigado a vender tudo o que tinha para pagar dívidas e sobreviver com dificuldade. Nunca lhe foi reconhecida a bondade dos seus atos em vida.
E, assim, veio a falecer no dia 3 de abril de 1954, em Lisboa, num hospital Franciscano. Diz-se que a sua única companhia era uma sobrinha. Foi enterrado sem fato, num traje cedido por caridade.
Em 3 de julho de 2020, a Assembleia da República concedeu-lhe Honras de Panteão Nacional, tendo em vista «homenagear e perpetuar a memória de Aristides de Sousa Mendes, enquanto homem que desafiou a ideologia fascista, evocando o seu exemplo na defesa dos valores da liberdade e dignidade da pessoa humana.» A cerimónia teve lugar em 19 de outubro de 2021, tendo nela participado as mais altas entidades portuguesas, designadamente, o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República e o Primeiro-Ministro.
Fontes:
Aristides de Sousa Mendes – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
Aristides de Sousa Mendes: o Herói Sem Capa | National Geographic (natgeo.pt)
No âmbito da disciplina de Psicologia B, a reflexão sobre a condição cultural do ser humano e o reconhecimento da nossa dupla natureza – biológica e sociocultural – conduz à valorização que a multiculturalidade representa.
Desse modo, a luta pela defesa dos Direitos Humanos tem revelado ao longo da história recente o contributo indispensável de alguns seres humanos no processo de reconhecimento da dignidade humana, independentemente da etnia, crenças, orientação política, sexual, entre outras.
Neste contexto, as turmas do 12.º C/G/H realizaram, em ligação com a área de Cidadania e Desenvolvimento, um conjunto de ações com vista à apresentação digital do Cartão de Cidadania Universal relativo a Aristides de Sousa Mendes.
Com este trabalho, os alunos pretendem contribuir para a divulgação do gesto grandioso praticado pelo Cônsul de Bordéus, referência incontornável na história da diplomacia portuguesa. Assim, concretizam práticas que apontam no sentido da defesa dos Direitos das Minorias (povo judeu, povos indígenas, etc.), assim como alertam para a importância de ações voluntárias que sejam expressão do contributo na luta pela defesa dos Direitos Humanos.
Por último, regista-se, de forma reconhecida, o contributo do aluno Eduardo Rego, do Curso Técnico de Multimédia, na elaboração do cartaz divulgador da presença, nesta página, do cartão digital em referência.
Em nome dos autores desta iniciativa, o nosso Muito Obrigado.
Alunos do 12.º C – Ameya Garcia; Ana Loureiro; Anastácia Carreiro; Beatriz Gouveia; Francisca Alves; Gonçalo Silva; Vanessa Martins.
Aluno do 12.º G – Vitor Leite.
Alunos do 12.º H – Catarina Moniz; Miguel Borges.
A docente de Psicologia B,
Inésia Raposo